9.7.11

A PEDRA DO CAMPO

Em criança gostava de andar pelos campos do meu lugar. Uma pequena aldeia com ares de cidade, mas que não deixou, no tempo, os traços da aldeia, de um pequeno povoado, situado no caminho da fronteira castelhana, próximo a região dos Sete Povos das Missões. Santiago vive na minha lembrança. É o meu recorte de menina, na nostalgia das minhas horas.
Andava pelos chamados campinhos, regiões ainda rurais, onde as vacas de leite, os bois e os cavalos pastavam na tranquilidade campestre. Época de colheita de frutas, a alegria redobrava no meu recreio infantil, acarinhada pela abundância da terra-mãe.
Gostava mesmo de ouvir o canto dos diferentes pássaros do meu lugar, com destaque especial para o quero-quero. Mais tarde, na escola secundária, quando nas aulas de canto orfeônico aprendi uma canção sobre o quero-quero, houve o encontro da vida com a arte, como um traço de união entre o gostar e o saber. Na Universidade, encontro o quero-quero vestido de pala: o símbolo do nosso estado e guardião da terra.
Dessas andanças de meninice, admirava muito as pedras do campo. Pareciam como ordenação da natureza as diferentes pedras que surgiam ao meu olhar. Umas maiores, outras menores, algumas quase invisíveis formavam para mim uma grande cordilheira.
Dentre todas essas pedras, havia uma muito alta, enorme, majestosa, imensa. Era a minha pedra do campo. Eu não conseguia atingi-la, dado minhas limitações físicas. Mas eu a abraçava com o carinho pleno que há numa criança. É possível que até a pedra se emocionasse com meu abraço simbólico.
Adulta, ouvi muitas falas sobre pessoas que parecem como pedras. Talvez... mas, não como a minha pedra do campo, que seria capaz de sorrir com meu abraço e deixar-se enternecer por ser vista além do seu exterior.